terça-feira, 15 de novembro de 2022

Travessia

é de letra em letra

de sílaba em sílaba

uma palavra de cada vez
com seu devido espaço


o caminho é ambíguo
tropeçamos em vírgulas
atravessamos pontos
e perdemos palavras aprisionadas
em parênteses.


na certeza de que o meu eu do agora
é formado pela multiplicação fatorial
de tudo que já fui

serei o que não sou.


nessa travessia sou o que não fui
e serei a composição de um x-tudo do momento

com direito a queijo ralado, ervilha e goiabada.


esse poema tá virando uma gororoba
não é sobre 1+1=2
talvez sobre a conta errada

de uma divisão que resulta

num número quebrado

e tudo balança

quando a base é torta


a essa altura, só a psicanálise salva

as perspectivas voltam a se abrir

e aí percebo que estou entrando

no século XVIII da minha existência

meu iluminismo chegou


se inicia a revolução de mim mesmo

as monarquias caem 

e de tanta representação interna

descubro que aqui dentro

agora habitam planetas.





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