é de letra em letra
de sílaba em sílaba
uma palavra de cada vez
com seu devido espaço
o caminho é ambíguo
tropeçamos em vírgulas
atravessamos pontos
e perdemos palavras aprisionadas
em parênteses.
na certeza de que o meu eu do agora
é formado pela multiplicação fatorial
de tudo que já fui
serei o que não sou.
nessa travessia sou o que não fui
e serei a composição de um x-tudo do momento
com direito a queijo ralado, ervilha e goiabada.
esse poema tá virando uma gororoba
não é sobre 1+1=2
talvez sobre a conta errada
de uma divisão que resulta
num número quebrado
e tudo balança
quando a base é torta
a essa altura, só a psicanálise salva
as perspectivas voltam a se abrir
e aí percebo que estou entrando
no século XVIII da minha existência
meu iluminismo chegou
se inicia a revolução de mim mesmo
as monarquias caem
e de tanta representação interna
descubro que aqui dentro
agora habitam planetas.